Coaching no nível de identidade

Coaching no nível de identidade

A raça humana está claramente num período muito desafiador. Problemas como terrorismo e o aquecimento global mostram que estamos nos tornando, cada vez mais, desconectados de nós mesmos, dos outros e do mundo a nossa volta. Nós entramos num tal estado de desconexão coletivo que isso ocasionou uma crise que está acordando as pessoas. As pessoas estão ficando cada vez mais maduras para a mudança e a transformação. Um número cada vez maior de pessoas está se perguntando o que realmente importa na vida e reavaliando a direção da sua vida. Esse despertar conduziu para uma necessidade crescente para o coaching no nível de identidade.

Todos os processos de coaching foram organizados em torno do movimento do estado atual para o estado desejado. No caso do coaching no nível de identidade, o estado desejado é estar profundamente conectado com nós mesmos e viver centrados, presentes e plenamente. Essas qualidades indispensáveis que nós descobrimos são a “diferença que faz a diferença” quando modelamos pessoas bem-sucedidas e criativas. Como disse a famosa dançarina Martha Graham:

Existe uma força vital, uma força viva, uma aceleração [da energia] que transforma você em ação, e como só existe um como você, essa expressão é única. Se você a bloquear, ela não existirá através de outro meio e será perdida. O mundo não a terá. Não é você que irá determinar quão benéfica ela é; nem como ela se compara com outras expressões. O que você deve fazer é conservar o canal aberto.

Segundo essa perspectiva, a evolução, a transformação e a satisfação na vida vem através da “manutenção do canal aberto.”

O nosso objetivo mais profundo no nível de identidade é responder, continuamente, a pergunta “Quem sou eu?” Nós respondemos essa pergunta, em qualquer momento, pelo modo como reagimos na vida. Quando estamos centrados, presentes no nosso corpo e conectados com nós mesmos e com o mundo a nossa volta, nós ficamos naturalmente em contato com o significado e o propósito da nossa vida.

O principal dilema em nossas vidas, que trabalha contra a nossa auto-evolução e satisfação natural, é que nós nos desconectamos de nós mesmos a fim de nos proteger. Por causa disso, nós perdemos contacto com as nossas necessidades verdadeiras e nos refugiamos em atividades e comportamentos que nos mantém desconectados. Nós nos tornamos reativos ou retraídos e começamos a “fechar o nosso canal.” Nós nos afastamos daquilo que temos medo em vez de ficar em contato com aquilo que queremos fazer e ser na vida. Isso conduz a várias dinâmicas que nos induzem a “fechar o nosso canal” e a viver com menos do que a nossa plenitude. Essas dinâmicas, que muitas vezes são inconscientes, incluem:

    1. Agarrar-se a um “self idealizado” (o que achamos que devemos ser para sermos amados e ganhar aprovação).

 

    1. Identificação com pensamentos, crenças e histórias que limitam a expressão da nossa verdadeira identidade.

 

  1. Falta de conhecimento de como se relacionar com sentimentos difíceis (frustração, medo, raiva, incerteza, etc.) que aparecem como reação natural na vida.

O propósito fundamental do coaching no nível de identidade é ajudar as pessoas a reconhecerem quando o seu “canal está aberto,” quando está “fechado” e o que elas podem fazer para abri-lo de novo. Isso implica em aprender a reconhecer as maneiras como nos desconectamos de nós mesmos e descobrir o que nos permite a volta para “casa.” Um resultado importante do coaching no nível de identidade é capacitar a pessoa a expandir e aprofundar a sua compreensão de quem ela é e a reagir às oportunidades e aos desafios apresentados pela vida num local com crescente presença, pleno de recursos e autêntico – mesmo durante as horas de crises e de desafios. A partir da perspectiva do coaching de identidade, é importante para nós enxergarmos as nossas vidas como a ‘jornada do herói’ e perceber o chamado para a ação presente nos eventos e nos desafios que encaramos. De fato, muitas vezes, é através das crises na nossa vida que nós adquirimos uma maior plenitude e que somos capazes de descobrir as nossas expressões únicas na vida.

Num nível mais profundo, os seres humanos compartilham os mesmos medos fundamentais como o medo do sofrimento ou da dor, o medo do abandono ou da asfixia, o medo da não existência, etc. A maneira como estes medos são representados podem variar de uma cultura para outra e alterar a sua importância dependendo das circunstâncias da vida. Porém a nossa reação ao medo, geralmente, é nos desconectar da nossa vulnerabilidade e viver das estratégias de sobrevivência que nos separam da nossa rica vida interior e do fértil solo da nossa existência.

O processo do coaching no nível de identidade ajuda as pessoas a identificar esses medos básicos na forma do que pode ser chamado de “demônios” ou de “assombrações” – sentimentos e partes de nós mesmos das quais ficamos desconectados e que não queremos enfrentar. O processo, neste caso, auxilia as pessoas a descobrirem os recursos necessários para mudarem a sua relação com esses medos, a reabrirem o “canal” e a viverem com conexão, fé e confiança mais profundas.

Desafios de identidade aparecem, freqüentemente, durante os momentos de transição. Já foi mencionado que as coisas estão sempre mudando mas não necessariamente progredindo. Embora não possamos nem prevenir nem controlar a transição e a transformação na nossa vida, podemos aprender a acompanhar esses movimentos naturais e a participar deles mais conscientemente, em vez de sermos carregados inconscientemente pelo rio das mudanças. Um dos objetivos do coaching no nível de identidade é ajudar as pessoas a incorporar habilidades e princípios práticos com os quais possa administrar as transições da vida com um bem-estar maior, mais disposição e desenvoltura.

Quando estamos centrados em quem somos na verdade, nós vivemos intimamente conectados a nós mesmos e aos outros. Reencontrar e sustentar essa conexão é o elemento essencial para a cura do nosso mundo. É dessa maneira que o coaching no nível de identidade contribui para transformar a nossa realidade coletiva.

O artigo original está disponível no site de Robert Dilts Coaching at the Identity Level

Robert Dilts e Deborah Bacon



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